25.4.11

As três badaladas


@Ana


São três da tarde e o sol desperta no fundo da chávena de café.
É quente a ternura que chega das esquinas. Sorri o pobre à flor em repouso no seu colo.
Do chão vem céu e ele olha para ela reparando na fortuna. Pedra da calçada que afaga todos os dias como lâmpada mágica com desejos em atraso.

São três da tarde e a cidade desfaz-se em borras e em cheiro.
Emigrar é uma parede. Dentro de um quarto, de uma casa, no canto onde se encontra a velhice.
As estórias fogem pelos beirais, escorregando até aos girassóis, revendo a vida na varanda.

São três da tarde.
Não há mais mesa, despediram-se os pombos e a manhã não deixou gorjeta.

5.4.11

Tentar o tempo


@Ana



Pensei ser simples.
Pendurei a tua ténue alegria e deixei o sol examinar.

Um fio de lã até ser espaço para ti. A minha boca a tentar, beliscando a tua liberdade.

Era desejo ver ossos. A perfeição de duas estradas até ao teu peito, uma ruga de solidão guardada pela nudez.
Até aceitares.



Chove. Depois das árvores, no fim do crime.
Chove. Chove. Chove.


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