9.12.12

IV



@ Ana


Não sei se é o espaço.
Não sei é agora e silêncio que vivem no espaço mais do que nada.
Não sei se é o nada abandonado, livre para ser tudo, na memória do espaço.

Não sei se são os que restam, numa longa nota ao piano, a diluírem as paredes entre si.
Não sei se é o fogo, já sem palavras, ainda a viver.
Não sei se é a luz no chão de madeira.
Não sei se são os pés cansados da rotina do ritmo do dia.
Não sei se é o vazio que apaga a casa e a deixa soluçar em descanso.

Não sei se é o homem e a sua barba atormentada.

Sei ser o canto do lugar.

7.12.12

III


@ Ana


Não sei se é o corpo.
Não sei se é o que não é ar e se deixa tocar para falar de ausência.
Não sei se são os dedos enrugados em frio a desejarem consolo.
Não sei se é a boca, muda de amor, a inventar companhia.
Não sei se é o ventre, desconhecido de auroras, estrangeiro e perdido na viagem oferecida.
Não sei se é a fronteira, espelho e plural de tudo o que é vivo.

Não sei se é a forma.
Não sei se é o momento em que findam as diferenças e só resta movimento.
Não sei se é a ânsia de pertencer.

Não sei se é a carne, conjugada como minha.

Se sei, não vive.

6.12.12

II


@ Ana


Não sei se é o vento.
Não sei se são os passos que sigo na noite para a direcção que aparenta ser igual.
O vento que percorre os pés e serpenteia até ao norte do corpo, já cem passos, ora meus ora teus.
Não sei se é o horizonte que dividiu a matéria e de-terminou o eu e o outro.
Não sei se o vento e os passos se encontram.
Não sei se um é um e o outro é o outro.
Não sei se é tudo o mesmo.
Não sei se o mesmo é nada.

Sei que o vento e os passos voam.
Só isso sei.

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