12.8.10

Os vigilantes

@Ana


@Ana

 

As ruas estavam quietas. Lá em cima, depois dos degraus da colina, as casas amparam-se, protegem quem ainda mora nelas. 

Porta a porta, apercebi-me dos segredos que ali resistem. Nos quintais emergentes de plantas, o labor do mar vive em sossego. Os homens de sempre deixam as redes no cais e dão-se à conversa. Esquecem os sinais do tempo nas mãos e riem com quem chega sem conhecer.

Na Calçada do Compromisso a mercearia recebe a manhã. Pela porta aberta a luz acaricia a fruta e os pés da Dª Maria, sentada no banquinho de madeira imaginando os fregueses. Entro, compro pêssegos para o caminho. 

Compreendo então a presença. Os vigilantes, cada um em seu trono, guardando o bem em Ferragudo.
O bem ou o bom... Sorri para eles, mas eles sabem que eu sou de fora. Continuo, sem magoar a sua casa, como quem passa ao de leve, em assobio no ar. 


Voltarei... Assim, de novo, numa manhã de vagar.
  

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