@Ana
A pedra gelava o seu corpo.
A carne, quase osso, adormecia no banco.
O barulho da estação envolvia a sua espera e recordava que não partiria só.
Passou um minuto. Ela não desistiu.
O bilhete suspenso na mão, com o dia e a hora de saída gravados a negro. Os olhos percorreram cada letra daquele papel, como se isso fosse já os primeiros passos no outro local. Repetia o destino, uma imagem abstracta desenhada no sussurro dos seus lábios.
Ao redor a vida palpitava.
As paredes nuas e envelhecidas acompanhavam o desfile das senhoras, as suas malas pelo chão, e a pressa dos cavalheiros, absortos pela música colada aos ouvidos, a atenção prisioneira do relógio.
Maria separa as mãos. Uma segura a mala, a outra o peito.
A ansiedade sepultada na garganta.
Ali estava o seu teatro da partida.
O início...
1 comentário:
É sempre um até já...AB
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